domingo, 14 de dezembro de 2008

Literally, a hell of a way to start.

Sorria. Hoje, por você, não é um bom dia para peixes-banana. Entendi o que o Igby quis dizer com ser torturado por Rilke e o motivo pelo qual meu preferido vai continuar sendo “Seymour”. Acho que sentei aqui bem mais porque você é a única pessoa que entende meus inexprimíveis (Vou até anotar isso no meu caderninho de definições de melhor-amizade).

Variações em um tema são coisas bem engraçadas. O Ellsworth (espero me lembrar de discorrer sobre esse nome), as solidões, as dicotomias são tão a mesma coisa que chegam a me assustar. Em um bom dia para peixes-banana elas estão tão presentes em nós. E elas são expressas de formas tão diferentes que soa engraçado quando a gente tenta comparar. É uma figura tão poética, tão doce, quando você diz a um discípulo que deixe a solidão crescer, que é como um rio... Até a gente lembrar como é de verdade, quando a gente lembra das sombras nos agarrando brutalmente e tragando-nos para um lugar tão escuro e solitário que dá medo de pensar até que a gente consiga começar. E as lágrimas antes de entender onde estamos, antes de conseguir pensar que a luta está perdida, antes de pousar o fuzil e esperar que venham e nos açoitem com seus porretes. Quando as dualidades borbulham pelas frestas do algodão no travesseiro, e os soluços convulsionam o peito. Nesses momentos é que eu vejo nosso mundo com os olhos que deveria. Nossa fila de elefantes passando calmamente pela fresta da agulha. Geralmente é bem fácil andar pela rua, pegar um ônibus... Conviver. Exceto quando a gente tá com essas coisas na cabeça. A dor reside em não poder aplicar lógica ao caso. Para todos os porquês existe só o não-interessa. Caso a gente vá um pouco mais longe, volte porquê por porquê, torna-se desesperador.

Eu sabia que eu não ia conseguir terminar sem voltar a Ellsworth Toohey. Nós passamos grande parte da vida ouvindo a velha história de Goethe a Linklater: “O que impede o ser humano de atingir todo o seu potencial: preguiça ou medo?”. Se alguém me perguntar mais uma vez o porquê da crise mundial acho que a única coisa que vou conseguir dizer é “Ai, Ai, Ai Ayn was right!”. O problema cresceu e tornou-se o que é de uma forma tão simples, que agora parece uma luta vencida. E o nome do problema é Ellsworth. Ou Else Worth... Alguém muito esperto há muito tempo atrás descobriu que é mais fácil fazer com que uma pessoa escolha o que ele quer que ela escolha, não fazendo melhor que o outro, mas dizendo que o outro faz pior. Achamos as duas caracteristicas básicas e estúpidas do ser humano, só no nome Ellsworth. Toda a nossa política podre, todo nosso rídiculo setor de serviços, todo nosso mundo de mentira é sustentado pelo pilar Ellsworth.

E esse mesmo pilar sustenta minha tristeza e minha revolta essa noite. E meus olhos continuarão abertos. Por essa corrida de frios na espinha, como o Seu Jorge disse em Chatterton, um monte de gente já perdeu essa luta, e eu vejo seus rostos distorcidos pela loucura, desfigurados por automutilações, dependurados pelo pescoço. Para minha felicidade, diferente do Seu Jorge, eu ainda vou muito bem. Eles nunca ouvirão meu choro, e eu sempre vou guardar um sorriso para cada Ellsworth por aí. Porque, assim como as teorias da conspiração..., é só paranóia.